Boatos na Internet
Carlos Alberto Teixeira Costa (*)              

Apesar da Internet existir desde os anos 60, o seu grande "boom" ocorreu nos anos 90 com a popularização do e-mail.

À medida que eram oferecidas novas contas gratuitas e distribuídas para os colaboradores em uma organização, o aumento de circulação de mensagens ultrapassava o número de cartas postadas nos correios convencionais.

As organizações passaram a apresentar reduções nos seus custos de malotes e telefonia, maior compartilhamento das informações, mais agilidade na tomada de decisões, melhor documentação dos processos, maior aproximação entre seus colaboradores e, até mesmo, redução nas viagens.

Mesmo na vida pessoal, os internautas passaram a ter mais contato com seus amigos e parentes distantes, agilidade nas informações, notícias atualizadas, redução nos custos de telefonia e outras comunicações, além de maior motivação para a aquisição de seus equipamentos.

Apenas como base, hoje o IG, um dos principais serviços de correio gratuito no Brasil, comemora a expressiva marca de mais de 9 milhões de contas de e-mail em seu cadastro.

Porém, nem tudo são flores. Hoje com a rapidez e o baixo custo da comunicação eletrônica, junto com a popularização da Internet, é comum ter nossas caixas de correios lotadas, em sua maioria, por correntes e boatos chamados tecnicamente de "HOAX".

Pedidos de ajuda, informe sobre vírus, notícias fantásticas, dicas maravilhosas e abaixo-assinados, são algumas das mensagens que lotam nossas caixas postais.

É impressionante o número de internautas que acreditam nessas mensagens e, sem saber no prejuízo que podem estar causando, na melhor das boas intenções, encaminham elas a inúmeros amigos, dando sustentação à proliferação do boato eletrônico.

Em vários casos, estas mensagens causam grandes prejuízos para empresas e pessoas, conforme sua intenção inicial. Porém, como em todo processo de difamação, não é só o autor que será responsabilizado, mas sim todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a sua propagação.

Além dos danos acima comentados, todos que recebem estas mensagens estão com grande possibilidade de receberem arquivos anexos, com vírus.

Algumas vezes, esses arquivos em formato de "script", arquivo com um comando de HTML, torna-se imperceptível ao usuário, contaminando seu equipamento sem que este perceba. Encaminhando a seus amigos, ainda contamina os demais.

Entre alguns dos famosos boatos conhecidos, existe o de um utilitário do Windows, o arquivo "SULFNBK.EXE", o qual foi divulgado como possível vírus instalado nos equipamentos, fazendo com que vários usuários excluíssem o utilitário de seus equipamentos. Isto tudo devido ao diferente ícone utilizado pela Microsoft para este arquivo.

Outro famoso boato foi a respeito de um vídeo exibido pela CNN sobre os palestinos que comemoravam o ataque ao World Trade Center, contando inclusive com o nome de um professor da UNICAMP, o qual possuía a fita original. Tal boato levou a necessidade da universidade emitir uma nota oficial desmentindo a existência de tal declaração ou existência da fita.

Exemplos como "Ajude uma criança doente", "Ajude a encontrar uma criança", "Cuidado com o seu produto para o cabelo", a famosa campanha da "The American Câncer Society's", a "Receita do famoso Coockie" e as diversas correntes de dinheiro que se você interromper irá "ser atropelado pelo carro do vizinho", "um piano caíra na sua cabeça" ou outras formas de grande azar, são alguns dos boatos que todos nós certamente já recebemos, e quem sabe, já encaminhamos.

Em alguns casos, se a história da criança com câncer ou desaparecida fosse verdade, esta criança já seria um adolescente ou quem sabe um adulto.

Porém, se relacionássemos todos os boatos famosos, iríamos criar um livro ao invés de um artigo. Mas, para aqueles que tiverem interesse em conhecer mais detalhes sobre famosos boatos, recomendo visitarem a seção de boatos do site www.infoguerra.com.br. Provavelmente irão ver alguns que já repassaram ou mesmo que ainda estão circulando.

Outra recomendação é a respeito da leitura do artigo escrito pelo Escritório de Advocacia Mendonça e Figueiredo (www.mendoncaefigueiredo.com.br) sobre a questão da responsabilidade civil e criminal na distribuição e divulgação de boatos na rede.

Porém, seguem algumas rápidas recomendações para aqueles que não querem participar ou contribuir com este problema da Internet:

     1. Antes de mais nada, evite abrir arquivos que venham de pessoas estranhas, principalmente, se a mensagem possuir anexos;

     2. Se for possível, evite visualizar suas mensagens em HTML, desabilitando este serviço, pois se ela possuir um arquivo "script", você nem irá perceber;

     3. Sempre que receber uma mensagem deste tipo, tente certificar-se da veracidade da informação. Normalmente é informado um telefone ou endereço eletrônico para a comprovação. Mesmo assim, verifique a credibilidade da fonte;

     4. Evite, sempre que possível, o repasse deste tipo de informação.

Mas se você ficar com medo de quebrar a corrente e correr o risco de não receber uma graça, perder um dinheiro fácil, do mundo desabar sobre você ou outras desgraças alertadas pela mensagem, siga pelo menos a última recomendação:

     5. Não encaminhe a mensagem da forma original. Crie uma nova mensagem e copie apenas o conteúdo necessário. Não é necessário copiar os cabeçalhos anteriores. Lembre-se que com este procedimento você estará evitando passar a frente um vírus que você recebeu.

Boa sorte, e se quiser envie este artigo a um amigo. Afinal isto não é um boato.


(*) O autor é diretor da Filial Web Soluções Ltda (www.filialweb.com.br) e do site PortalBARRA (www.portalbarra.com.br)